Albergaria Dos Doze

Albergaria Dos Doze

LOCALIZAÇÃO
Abraçada por um manto de pinheiros, Albergaria dos Doze dista cerca de 18km para Sul da cidade de Pombal, confina a nascente e sul com o concelho de Ourém e a poente com o concelho de Leiria.

Esta povoação cresceu num vale que é rasgado pelo rio Arunca e é atravessada pela via de caminho de ferro, Linha do Norte.  A maior altitude da principal via férrea portuguesa é atingida nesta localidades quando esta atravessa o túnel a 659 metros de comprido, concluído em 1863, sob uma colina com marco geodésico de 314 metros de altitude, no qual faz também a delimitação do concelho de Pombal com o de Ourém e Leiria.

De solo pobre e pouco produtivo, com pouco terreno adaptável à agricultura, o enorme manto verde que envolve esta pacífica localidade deu origem, desde muito cedo, às indústrias resinosas e de madeiras aqui existentes.

Com uma população detentora de uma consciência coletiva admirável e dotada com equipamentos de lazer e desporto devidamente inseridos nas enormes zonas verdes, Albergaria dos Doze revela assim a sua singularidade.

 

HISTÓRIA
A origem do povoamento em Albergaria dos Doze é muito antiga e surgiu na sequência dos fluxos migratórios de Norte para o Sul e de Este para Oeste, adquirindo características mais mercantilistas. A construção da capela em 1566 (atual Centro Cultural Padre Petronilho), à qual foi passada licença para nela se celebrar missa em 1572, sendo bispo de Leiria D. Gaspar do Casal, era dedicada a Nossa Senhora da Consolação, testemunha a existência de um número significativo de pessoas a residir nesta localidade.

Ponto de passagem para Lisboa, Pombal, Ourém e Tomar não se sabe em que data Albergaria dos Doze começou a ser formada e assim a ser denominada.  Como localidade de passagem e estalagem de viajantes, que em busca de repouso aqui procuravam a albergaria ou albergue, supõe-se que alguma casa aqui construída para albergar os transeuntes, deu origem ao nome de Albergaria com o restritivo dos Doze, originado pela feira aqui criada. Também não se sabe se a feira dos Doze (feira que acontece todos os dias 12 de cada mês) é anterior ao nome da terra, ou se este antecedeu a feira somente com o nome de Albergaria.

Com a construção da linha ferroviária do Norte, Albergaria dos Doze desenvolveu-se consideravelmente a nível comercial o que permitiu o desenvolvimento de melhores condições de vida dos seus habitantes. Por volta de 1860 já aqui se conseguiam salários remuneradores e aqui se encontravam engenheiros, empreiteiros e pessoal operário.

Em 1863 com o túnel concluído e inaugurado, realizou-se a ligação das duas partes da linha – norte e sul – já construídas. Ficaram assim mais facilitadas as oportunidades de comércio, negócios e consequente um maior desenvolvimento da localidade.

A construção da Linha do Norte na zona da Albergaria foi muito difícil em comparação com outros lanços, devido à natureza dos terrenos de areia fina, argilosa e aquífera, dificuldades essas que se relevaram especialmente durante a construção do túnel. É no monte perfurado pelo túnel do caminho de ferro, que “brota a água fina” com que a CP abastecia as máquinas, na estação de Albergaria, quando os comboios eram puxados por máquinas a vapor. Existia um depósito com 200.000 litros de água destinado a este abastecimento que foi destruído em 1987. É também nesta colina que nasce a poucos metros do túnel o rio Arunca. Além desta vertente para o Estuário do Mondego exites outra para o Nabão, Estuário do Tejo.  Na estação de Albergaria dos Doze os passageiros compravam pela quantia de 2$50 uma bilha de barro com a famosa água. Com a eletrificação da via desapareceu essa paragem obrigatória e consequentemente o comércio das bilhas com água, que tinham a marca: “Água de Albergaria”.

Apesar de muito antiga, até 1923 a povoação de Albergaria dos Doze fazia parte da freguesia de S. Simão de Litém. A memória do povo fala de um Padre de nome António Pereira Gonçalves que pregava em Albergaria há mais de 50 anos, ainda que dependente da paróquia de S. Simão, e a quem se deverá muito do empenho na construção de uma consciência coletiva albergariense que se afirmava desejosa de autonomia. Após seu falecimento para o substituir, veio em 1912 para Albergaria, na qualidade de capelão, o Padre Manuel dos Santos Petronilho. A experiência trazida de outras paróquias foi decisiva no arranque para a constituição de uma nova freguesia religiosa - Albergaria dos Doze. O Padre Petronilho, conjuntamente com outras pessoas, enviou várias cartas ao Vigário Geral no intuito de conseguirem a instituição duma paróquia eclesiástica, com sede na capela de Albergaria dos Doze, hoje Centro Cultural Padre Petronilho. D. José Alves Correia, depois de repetidas insistências do povo de Albergaria, admitiu criar a paróquia depois de ser criada a freguesia civil.

Em 1910, numa conjuntura de mudança da Monarquia para a Républica e com a correspondente instabilidade do Estado, os Albergarienses tinham tomado conta da Junta de Freguesia de S. Simão de Litém, tendo então mudado a sua sede para Albergaria dos Doze. O processo pró-freguesia esteve algum tempo parado nas cortes e levantou diversas quezílias com o povo da freguesia mãe, S. Simão de Litém. Em dezembro de 1922, o processo entrou em discussão, e as divergências com S. Simão viriam a terminar com a criação da freguesia de Albergaria dos Doze, exatamente com a publicação do Decreto-Lei 1413 de 19 de março de 1923, no então Diário do Governo, I série, nº 73 de 10 de abril desse mesmo ano.  Lutou-se depois pela freguesia religiosa, aquela que aparentemente se desejara mais inicialmente. O então Bispo de Leiria, o Reverendíssimo Sr. D. José Alves Correia da Silva cumpriu a promessa que havia feito e, a 15 de maio de 1923, cerca de um mês após a criação da Freguesia Civil, criou também a paróquia de Albergaria dos Doze, coincidente geograficamente com a freguesia civil e constituída pelos mesmos lugares, tendo por Orago Nossa Senhora da Apresentação.

Pela última Reorganização administrativa do território das freguesias, de acordo com a Lei nº 11-A/2013 de 28 de janeiro, esta freguesia juntamente com as freguesias de Santiago de Litém e São Simão de Litém passou a constituir a União das freguesias de Santiago e São Simão de Litém e Albergaria dos Doze com sede em Albergaria dos Doze.

MONUMENTOS
Igreja Velha - Edificação resultante da ampliação de uma capela construída em 1556 com empena de bico e torre alta que formam a fachada. Atual Centro Cultural Padre Petronilho.
Igreja Nova - Foi inaugurada em 1964 e é dedicada a Nossa Senhora da Apresentação.

OUTROS LOCAIS DE INTERESSE
Túnel Ferroviário construído em 1853 com 659 metros de comprimento 
Capela Ruge Água 
Alto da Murzeleira 
Fonte da Mata 
Centro Cultural Padre Petronilho
Parque de Aventura e Lazer de Albergaria dos Doze

GASTRONOMIA
Presunto Tradicional

ARTESANATO
Trabalhos em madeira e cestaria.

ATIVIDADES ECONÓMICAS
Silvicultura, industrias de resina, cerâmica, plásticos, faianças, carpintaria, artes gráficas, carpintaria e comércio .

FEIRAS
Mensal, dia 12

FESTAS E ROMARIAS
Tradicionais festejos da Páscoa (São 3 dias de festa que iniciam no sábado antes do dia de Páscoa)   
Festejos de Santo António em Eguins (15 de Junho)  
Festejos de S. João em Regueirinho-Poços (final de Junho)
Festejos de S. João no largo do Castelo (final de junho)
Festejos do S. Pedro (no final do mês de junho)
Festejos em honra de Santa Marta em Ruge Água (agosto)
Merendeiras em Murzeleira (agosto)                                                                                              Festa em honra de Nossa Senhora da Apresentação em Albergaria dos Doze (15 de agosto )

HERÁLDICA

Escudo de verde, locomotiva de prata realçada de vermelho, entre uma asna diminuta de verguetas, de ouro e uma bilha de ouro, as três figuras dispostas em pala. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro, em maiúsculas : “ ALBERGARIA DOS DOZE “.

MEMÓRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA

A asna representa o albergue que evoca a origem do nome da Freguesia, a hospitalidade e acolhimento que os habitantes desta terra sempre têm demonstrado ao longo dos tempos.

A locomotiva simboliza o grande desenvolvimento que trouxe a toda a região a construção da Linha do Norte

A bilha relembra a fama que a água de Albergaria adquiriu outrora pela sua qualidade, o que levou à sua comercialização na estação da CP. O recipiente utilizado era uma bilha de barro. As vendedeiras aguardavam as paragens dos comboios e gritavam bem alto o pregão: "Comprem bilhas com água!"

 

5384

Habitantes

69,89

Área/km2

77

Habitantes/km2